"Raízes da Agricultura Biológica. Dos pioneiros mundiais ao movimento em Portugal".

É um livro sobre a História da Agricultura Biológica em Portugal, desde os pioneiros dos países onde começou e desde os primeiros agricultores biológicos portugueses. Neste site, de apoio ao livro, encontrará fotografias das diferentes fases da agricultura biológica, principais eventos e publicações. As diferenças entre referenciais, políticas e estratégias na agricultura biológica. O futuro da agricultura biológica. Apresentam-se ainda um remissivo e as várias fontes, o número de operadores e principais produções (até aos números oficiais) e as apresentações públicas (fotos e vídeos).  

Também poderá acrescentar histórias novas ou detalhes, novos factos, fotografias, ou fazer correções ao que foi apresentado. 

A história da agricultura biológica em todo o mundo é feita de um conjunto de iniciativas que começam, quase sempre, por ideias expressas numa palestra e/ou num livro, e que reflectem uma preocupação com o solo, saúde e/ou qualidade dos alimentos, mas que se alargam a movimentos importantes na defesa da natureza, da agricultura, da qualidade dos alimentos e/ou da saúde, de pessoas e animais. 

O crescimento da agricultura biológica leva a uma perda na ligação às raízes históricas do movimento. O conhecimento das raízes e evolução do movimento é importante para a compreensão, para que se atinjam os objectivos, para o cumprimento das regras dos referenciais, para a experimentação e investigação, para os consumidores e, não menos importante, para quem estabelece regras e políticas e toma decisões administrativas sobre a agricultura. Há que evitar a convencionalização da agricultura biológica, para que chamava a atenção Afonso Cautela em 1976, e a que posteriormente, em 2004, Julie Guthman chama "o paradoxo da agricultura biológica".  

Do prefácio:

A primeira grande esperança desta obra deve-se ao fato de resgatar do tempo um conjunto de vontades absolutas. Mulheres e homens que tiveram a coragem de começar. A homenagem a todos estes, bem como aos que estão nas entrelinhas, é um ato de respeito e de gratidão fundamental.  A segunda prende-se com a ideia comum, mas correta, de que não há futuro sem passado. (…)  Este livro constitui por isso um pilar fundamental na construção da nova casa da humanidade . (...)” - Alfredo Cunhal Sendim.

O livro é composto por 12 capítulos. O Capítulo 1 tem uma breve introdução de explicação do que se apresenta (e como se apresenta) nos capítulos seguintes. O capítulo 2 demonstra a diferença entre os primórdios da agricultura e a agricultura biológica de hoje e uma perspectiva sobre as diferentes fases de desenvolvimento. Os restantes têm uma breve descrição a seguir e 4 capítulos, para além do resumo, também têm fotografias e quadros nas páginas a seguir. O último está na página "Índices e Referências". 

Cap. 3. As raízes do movimento internacional. Os Pioneiros.

De que se fala? Entre outros assuntos descrevem-se e comentam-se:

.As primeiras descobertas, que começam com Liebig, de que só nos contam uma parte do que pensava e escreveu, e as primeiras reacções de consumidores, ainda no século XIX e nas primeiras décadas do século XX. As primeiras fábricas de adubos.

.Franklin H. King, que em 1911 compara a agricultura e a utilização dos solos nos EUA com a utilização feita durante 40 séculos em países como a China, Coreia ou Japão.

.Rudolf Steiner, as iniciativas nas diferentes áreas, o Curso Agrícola (1924) e o aparecimento da agricultura biodinâmica (há 100 anos), em resposta à utilização crescente de "adubos químicos". O Período do Nacional-Socialismo e o interesse pela biodinâmica até à proibição.

.Sir Albert Howard e o movimento no Reino Unido, com Lord Northbourne, Lady Eve Balfour e o aparecimento da Soil Association.

.A Agricultura Natural do Japão, com dois movimentos independentes, fundados por Mokiti Okada e Masanobu Fukuoka.

.O movimento na Suiça, com Müller e Rush, e a agricultura orgânico-biológica. 

.Rodale com "Organic Farming and Gardening", que chega a 1,3 milhões de exemplares, e as estranhas mortes de Jerome Rodale e, mais tarde, do filho Robert, continuador do trabalho.

.A "Primavera Silenciosa", de Rachel Carson, e as tentativas de desacreditação. Um livro marcante que mudou as mentalidades e as políticas, com os fortes ataques da indústria.

.O movimento em França, que se inicia um pouco mais tarde, com dois movimentos fortes,  Lemaire-Boucher e Nature et Progrès.

.A contestação social um pouco por todo o lado e os movimentos conhecidos por "contra-cultura", mas que serão antes de uma "nova cultura".     

.A IFOAM criada a partir da Nature et Progrès, mas com 5 sócios fundadores de 3 continentes, e o aparecimento do FIBL, na Suíça, um primeiro centro experimental de agricultura biológica na Europa.

.O Clube de Roma e os "Limites do Crescimento" e "Small is Beautiful" de Ernest Schumacher, um alemão na Inglaterra, que será presidente da Soil Association. A Permacultura e a Agroecologia. A Escola de Beaujeu, a Vida Sana de Barcelona e a Biocultura em Madrid.

.As primeiras leis de alguns países como resposta a problemas de poluição concretos. A CEE e a Regulamentação Europeia.

.A actriz Meryl Streep e o apoio à agricultura biológica nos EUA.  O aparecimento da BIOFACH.  Os primeiros Planos de Acção em países Europeus.  Alguns fatos deste século.

Cap. 4. As raízes e o desenvolvimento em Portugal

4.1 Até 1985

As primeiras advertências sobre a necessidade de haver lameiros e de manter os animais nas explorações agrícolas com vinha no Douro, para haver estrumes, sobre o “emprego dos adubos chimicos” e sobre a necessidade de uso de "adubos de curral", as primeiras experiências com adubos azotados e fosfatos,  e o primeiro livro de homeopatia veterinária são ainda do século XIX. 

Apesar de alguns indícios de haver outros produtores, Luís A. Vilar nos anos '50 , será o primeiro produtor biológico. A primeira iniciativa colectiva será da Cooperativa da Unimave com a produção de arroz biológico, em 1973. Pelo meio haverá outros produtores no Algarve.

Refere-se um artigo sobre agricultura biológica na primeira publicação (de 1969) em que é tema, os primeiros artigos de alerta para os adubos químicos e um outro sobre agricultura biológica, no Diário do Alentejo ainda antes de 1974, a primeira comunicação (sobre biodinâmica) ao Congresso do Movimento Ecológico Português (em 1975), o primeiro cartaz numa manifestação e na televisão (1975). As várias publicações que divulgaram a agricultura biológica entre 74 e os princípios dos anos 80, muitas delas pela mão de Afonso Cautela, para quem “A agricultura biológica é a última etapa da resistência ao buldogue capitalista”. Iniciativas agrícolas individuais ou em pequenos grupos, a loja "A Biológica" aos Restauradores,  a produção na Cooperativa Soldado Luís, que faz arroz biológico que vende para a Diese e exporta, as iniciativas da Cooperativa Pirâmide com a "Alternativa", no Porto, o registo de um debate no formato de mesa redonda "Agricultura Biológica: o Reencontro com o Ciclo Natural". A iniciativa do "Renascimento Rural" em Barão de S. João, e "A Urtiga".

A publicação do 1.º livro em português de Jean-Claude Rodet e as múltiplas iniciativas que se seguira, com palestras, seminários e cursos, que com a Amigos da Terra e um conjunto de personalidades, vão dar origem à Agrobio, em 1985.

4.2 De 1985 até 2000

Este período situa-se desde a criação da Agrobio, em 1985, e dos anos profusos que se seguiram, até ao final do século. Os acontecimentos são muitos e foi possível recolher muita informação, em que as imagens complementam o que está escrito. Para facilitar, dividem-se as imagens em dois blocos: De 1985 a 1990, de 1990 a 2000. A história da agricultura biológica neste período, é quase integralmente a história da Agrobio.

Após a criação, a comunicação inicia-se com uma 'Circular Informativa', que passa a 'Boletim informativo e que, a partir do n.º10, passa a "A Joaninha", que serve para manter a ligação aos sócios e levar conhecimento através de muitos artigos produzidos pelos técnicos e directores ou traduzidos.

As primeiras 'fichas técnicas' e os primeiros controlos. Referem-se os Encontros Agrobiológicos, realizados anualmente desde 1986, as visitas às quintas, as várias Terra Sã, feiras de agricultura biológica que se realizaram anualmente desde 1988 e durante muitos anos. 

Também se apresenta como foram resolvidas algumas crises directivas e a desencadeada pela falsificação de produtos exportados como biológicos. As primeiras estruturas formais de comercialização, Urze e Biocoop, a perda indesejada das acções de controlo da Agrobio para a Socert e as tentativas de reversão. O efeito das medidas de apoio à agricultura biológica e os campos experimentais e as novas estruturas de produtores. Os produtos biológicos nas cadeias de distribuição e a comparação dos preços ao consumidor à época e os praticados agora.

4.3 De  2000 até aos dias de hoje

As novas associações de apoio técnico e o desenvolvimento nos Açores e na Madeira. O incremento da formação profissional de agricultores e técnicos. A apresentação, pelo Governo, do Plano Nacional para o Desenvolvimento da Agricultura Biológica, em 2003, com a nomeação de um Coordenador Nacional. O aparecimento de uma estrutura Interprofissional que apresentou uma Política Nacional, que o Governo e partidos prometeram apoiar, e a actual Estratégia Nacional. As Bio-Regiões e as iniciativas em Idanha como o Centro Documental Raiano.

Cap. 5. Retratos 

Neste capítulo, e relacionado com a história da agricultura biológica portuguesa, estão 16 relatos de vários dos protagonistas de que se falou no capítulo 4.  Os relatos são, nalguns casos, "Retratos" de um momento, ou de vários acontecimentos num espaço de tempo curto ou mesmo num período mais longo; há ainda (quase!) curtas metragens.

Os temas são diversos e são apresentados de forma cronológica (dentro do possível), abordando a decisão de realização da tradução de um livro de Claude Aubert, a experiência de produção de arroz numa cooperativa e as alterações sociais provocadas pela experiência, as mudanças de vida radicais que levaram ao contacto com a agricultura biológica, sobretudo em França, mas também outras experiências noutros países, como a Índia, a mudança de vida pela decisão de iniciar a produção biológica ou o apoio a produtores e o impacto da produção de um pão diferente, a iniciação na produção de arroz numa área protegida, a produção de composto, as primeiras formações e o princípio da Agrobio, com poucos a fazer muito, a visão de uma criança sobre a agricultura biológica nos anos 80, as visitas e as Terra Sã, as viagens de estudo a França e ao Japão, e os Encontros Biodinâmicos em S. Romão. Um dos autores optou por uma galeria de 26 "retratos" de alguns dos outros protagonistas. As descrições demonstram bem a paixão, o espírito pioneiro, de aventura e mesmo de missão com que foi iniciada e divulgada a agricultura biológica e a forma como estes momentos marcaram a vida de alguns.

Nem todos a quem foram endereçados os convites quiseram escrever e com outros, com grande pena, já não foi possível falar. Há ainda outros com quem se deveria ter falado mas não houve ocasião. O convite para que façam o seu "retrato" fica (ou volta a ser) feito agora, e será editado nesta página, para que fique para o futuro, mantendo-se o critério usado nos relatos anteriores. 

Ver os restantes capítulos no Índice